Desde que começou a ser implantada nas universidades oficialmente, a partir Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, a modalidade de educação à distância gerou polêmicas, foi tema de muitos debates e reflexões e enfrentou algumas barreiras. Mas o crescimento da EaD é considerável. De acordo com levantamento realizado pelo Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (Educacenso/Inep), de 2003 a 2006, o número de cursos de graduação à distância passou de 52 para 349, um aumento de 571%.
Desde o final dos anos 90, o Centro de Educação da Ufal começou a desenvolver ações de educação a distância
Lenilda Luna - jornalista
Na abertura do I Seminário Institucional de EaD, realizado no Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV) nos dias 22 e 23 de janeiro, o vice-reitor Eurico Lôbo, que também é presidente do comitê gestor de EaD na Ufal, destacou essa expansão. “Atualmente, são cerca de 150 milhões de alunos de Educação à Distancia nas universidades de todo o país, isso representa 60% da quantidade de alunos presenciais”, destacou Eurico.
A reitora Ana Dayse Dorea também ressaltou na abertura do seminário como foi preciso vencer algumas resistências para implantar polos de Educação à Distancia nas cidades do interior. “Tivemos que chamar os prefeitos em nosso gabinete para convencê-los dos ganhos para a formação do professor com esta modalidade de ensino, que permitiu capacitar e graduar os docentes do ensino fundamental da rede pública de ensino”, disse a reitora.
A professora Anamelea de Campos, coordenadora da Coordenação Institucional de Educação à Distância (Cied) da Ufal, ligada à Universidade Aberta do Brasil, conta que foi a primeira docente contratada pelo concurso público que abriu vagas para a UAB. “Educação à Distância vai além da implementação dos cursos e, por isso, precisa de setor para planejar as ações”, explica Anamelea.
Ela também relembra como foi preciso vencer preconceitos que ainda existem, mas estão sendo superados. “A educação à distância era vista como ensino de segunda categoria, para pessoas que não tem tempo. Mas com o apoio do vice-reitor Eurico Lôbo e da reitora Ana Dayse foi possível enfrentar a situação e mostrar que EaD tem qualidade sim e pode representar a democratização do acesso ao ensino superior para pessoas que não tem tempo para estudar de forma presencial”, destaca a coordenadora.
Flexibilidade é a palavra chave para entender a importância da EaD na vida de muitos estudantes. “Pessoas que trabalham em sistema de plantões, ou moram longe dos grandes centros, mas que com acesso ao computador podem ser acompanhadas durante um curso de graduação, de extensão ou até de especialização, nesta modalidade”, explica a coordenadora.
Para quem critica que na modalidade à distância o aluno não estuda, Anamelea rebate que muitas vezes esses alunos são mais disciplinados que os presenciais. “Eles sabem tirar o melhor proveito dos conteúdos, são acompanhados na realização das atividades pelos tutores e participam dos encontros presenciais com muito entusiasmo”, defende Anamelea.
Um exemplo de superação
Mas a grande quantidade de alunos que buscam a educação à distância pode ser melhor compreendida pela força de um exemplo. Rafael André de Barros, mestrando em Educação da Ufal, ilustra bem as oportunidades que são agarradas com força por quem deseja estudar, mesmo enfrentando adversidades.
O jovem, que completa 28 anos no dia 5 de março, cresceu no Jacintinho, um dos bairros mais populosos de Maceió e onde a maioria dos moradores é de classe média baixa ou vive abaixo da linha de pobreza. Filho de família pobre, Rafael precisou trabalhar desde cedo no comércio local, como ambulante, vendendo capas para celular.
Ele cursou o ensino fundamental em escola pública do bairro, mas não teve condições de avançar para o ensino médio. “Nas horas de menor movimento, eu colocava o mostruário de lado e começava a ler um livro, ali mesmo na avenida”, conta Rafael. Foi numa dessas leituras que o jovem chamou a atenção de um empresário, que o ajudou a conseguir um emprego como frentista de posto.
Com um emprego melhor e acesso ao computador do posto, Rafael fez o provão do supletivo e obteve o diploma do ensino médio, já depois de ter sido aprovado no vestibular do curso piloto de Administração à distância, em 2006, na Ufal e começou a cursar em 2007. “Eu trabalhava de madrugada no posto, dormia um pouco e depois seguia para a universidade, onde comecei a me envolver com projetos de iniciação científica e bolsa trabalho”, contou o universitário.
Com o tempo, Rafael André deixou o trabalho no posto e se dedicou integralmente às atividades acadêmicas. “Existem muitas oportunidades na universidade para quem se dedica e quer estudar”, disse o universitário.
No final de 2010, Rafael André se formou em Administração, e já tinha sido aprovado no Programa de Pós-graduação em Educação da Ufal. “Tudo foi muito rápido, e quando eu penso na minha vida, lembro de amigos de infância tão capazes quanto eu, mas que se perderam no tráfico ou esgotados em subempregos, por falta de oportunidades”, comenta emocionado o mestrando.
Rafael faz questão de dizer que a Educação à Distância foi uma grande oportunidade de mobilidade social. “Eu saí da periferia do Jacintinho para estudar na Universidade Federal de Alagoas. A EaD salvou a minha vida”, diz Rafael entusiasmado.
Educação à Distância na Ufal
Desde o final dos anos 90, o Centro de Educação começou a desenvolver ações de educação à distância. A preocupação era formar os professores leigos que atuavam nas cidades do interior e que, por exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, deveriam ser graduados na área.
O primeiro curso de graduação que abriu vestibular na Ufal foi o Curso piloto de Bacharelado em Administração, oferecido pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac). Depois vieram as licenciaturas em Física, Pedagogia e Matemática, e o Bacharelado em Sistema de Informação.
A duração dos cursos é de 4 anos. O aluno estuda o conteúdo da disciplina online, e nos sábados, domingos ou feriados, previamente agendados, participa de encontros presenciais, onde assiste aulas e realiza atividades de avaliação.
Nessa modalidade, também são oferecidas as especializações em Educação do Campo, em Gestão Pública em Saúde, em Gestão Pública e em Gestão Pública Municipal. Além disso, vários cursos de extensão são realizados à distância, como de Gênero, Educação Ambiental, Etnia e Direitos Humanos.
“Todos os cursos estão tendo uma grande procura, com seleções bastante disputadas”, ressalta Anamelea. “Além disso, os resultados são muito bons. A Educação à Distancia deu uma contribuição fundamental para a formação dos professores no Estado. Já o Programa de Formação em Gestão Pública está ajudando a melhorar o perfil dos administradores em vários municípios”, complementa Anamelea.
A coordenadora também comemora o reforço na equipe e as melhorias na estrutura. “Estamos aguardando a inauguração da nova sede da Cied, onde só faltam as instalações de rede”, informa a coordenadora.“Também recebemos um novo colega, Sivaldo Pereira, que passou em concurso recente para o curso de Comunicação e vai trabalhar 20h conosco no desenvolvimento de projetos. Temos propostas de estúdios para vídeo aula e web rádio”, comemora Anamelea.
Desde o final dos anos 90, o Centro de Educação da Ufal começou a desenvolver ações de educação a distância
Lenilda Luna - jornalista
Na abertura do I Seminário Institucional de EaD, realizado no Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV) nos dias 22 e 23 de janeiro, o vice-reitor Eurico Lôbo, que também é presidente do comitê gestor de EaD na Ufal, destacou essa expansão. “Atualmente, são cerca de 150 milhões de alunos de Educação à Distancia nas universidades de todo o país, isso representa 60% da quantidade de alunos presenciais”, destacou Eurico.
A reitora Ana Dayse Dorea também ressaltou na abertura do seminário como foi preciso vencer algumas resistências para implantar polos de Educação à Distancia nas cidades do interior. “Tivemos que chamar os prefeitos em nosso gabinete para convencê-los dos ganhos para a formação do professor com esta modalidade de ensino, que permitiu capacitar e graduar os docentes do ensino fundamental da rede pública de ensino”, disse a reitora.
A professora Anamelea de Campos, coordenadora da Coordenação Institucional de Educação à Distância (Cied) da Ufal, ligada à Universidade Aberta do Brasil, conta que foi a primeira docente contratada pelo concurso público que abriu vagas para a UAB. “Educação à Distância vai além da implementação dos cursos e, por isso, precisa de setor para planejar as ações”, explica Anamelea.
Ela também relembra como foi preciso vencer preconceitos que ainda existem, mas estão sendo superados. “A educação à distância era vista como ensino de segunda categoria, para pessoas que não tem tempo. Mas com o apoio do vice-reitor Eurico Lôbo e da reitora Ana Dayse foi possível enfrentar a situação e mostrar que EaD tem qualidade sim e pode representar a democratização do acesso ao ensino superior para pessoas que não tem tempo para estudar de forma presencial”, destaca a coordenadora.
Flexibilidade é a palavra chave para entender a importância da EaD na vida de muitos estudantes. “Pessoas que trabalham em sistema de plantões, ou moram longe dos grandes centros, mas que com acesso ao computador podem ser acompanhadas durante um curso de graduação, de extensão ou até de especialização, nesta modalidade”, explica a coordenadora.
Para quem critica que na modalidade à distância o aluno não estuda, Anamelea rebate que muitas vezes esses alunos são mais disciplinados que os presenciais. “Eles sabem tirar o melhor proveito dos conteúdos, são acompanhados na realização das atividades pelos tutores e participam dos encontros presenciais com muito entusiasmo”, defende Anamelea.
Um exemplo de superação
Mas a grande quantidade de alunos que buscam a educação à distância pode ser melhor compreendida pela força de um exemplo. Rafael André de Barros, mestrando em Educação da Ufal, ilustra bem as oportunidades que são agarradas com força por quem deseja estudar, mesmo enfrentando adversidades.
O jovem, que completa 28 anos no dia 5 de março, cresceu no Jacintinho, um dos bairros mais populosos de Maceió e onde a maioria dos moradores é de classe média baixa ou vive abaixo da linha de pobreza. Filho de família pobre, Rafael precisou trabalhar desde cedo no comércio local, como ambulante, vendendo capas para celular.
Ele cursou o ensino fundamental em escola pública do bairro, mas não teve condições de avançar para o ensino médio. “Nas horas de menor movimento, eu colocava o mostruário de lado e começava a ler um livro, ali mesmo na avenida”, conta Rafael. Foi numa dessas leituras que o jovem chamou a atenção de um empresário, que o ajudou a conseguir um emprego como frentista de posto.
Com um emprego melhor e acesso ao computador do posto, Rafael fez o provão do supletivo e obteve o diploma do ensino médio, já depois de ter sido aprovado no vestibular do curso piloto de Administração à distância, em 2006, na Ufal e começou a cursar em 2007. “Eu trabalhava de madrugada no posto, dormia um pouco e depois seguia para a universidade, onde comecei a me envolver com projetos de iniciação científica e bolsa trabalho”, contou o universitário.
Com o tempo, Rafael André deixou o trabalho no posto e se dedicou integralmente às atividades acadêmicas. “Existem muitas oportunidades na universidade para quem se dedica e quer estudar”, disse o universitário.
No final de 2010, Rafael André se formou em Administração, e já tinha sido aprovado no Programa de Pós-graduação em Educação da Ufal. “Tudo foi muito rápido, e quando eu penso na minha vida, lembro de amigos de infância tão capazes quanto eu, mas que se perderam no tráfico ou esgotados em subempregos, por falta de oportunidades”, comenta emocionado o mestrando.
Rafael faz questão de dizer que a Educação à Distância foi uma grande oportunidade de mobilidade social. “Eu saí da periferia do Jacintinho para estudar na Universidade Federal de Alagoas. A EaD salvou a minha vida”, diz Rafael entusiasmado.
Educação à Distância na Ufal
Desde o final dos anos 90, o Centro de Educação começou a desenvolver ações de educação à distância. A preocupação era formar os professores leigos que atuavam nas cidades do interior e que, por exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, deveriam ser graduados na área.
O primeiro curso de graduação que abriu vestibular na Ufal foi o Curso piloto de Bacharelado em Administração, oferecido pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac). Depois vieram as licenciaturas em Física, Pedagogia e Matemática, e o Bacharelado em Sistema de Informação.
A duração dos cursos é de 4 anos. O aluno estuda o conteúdo da disciplina online, e nos sábados, domingos ou feriados, previamente agendados, participa de encontros presenciais, onde assiste aulas e realiza atividades de avaliação.
Nessa modalidade, também são oferecidas as especializações em Educação do Campo, em Gestão Pública em Saúde, em Gestão Pública e em Gestão Pública Municipal. Além disso, vários cursos de extensão são realizados à distância, como de Gênero, Educação Ambiental, Etnia e Direitos Humanos.
“Todos os cursos estão tendo uma grande procura, com seleções bastante disputadas”, ressalta Anamelea. “Além disso, os resultados são muito bons. A Educação à Distancia deu uma contribuição fundamental para a formação dos professores no Estado. Já o Programa de Formação em Gestão Pública está ajudando a melhorar o perfil dos administradores em vários municípios”, complementa Anamelea.
A coordenadora também comemora o reforço na equipe e as melhorias na estrutura. “Estamos aguardando a inauguração da nova sede da Cied, onde só faltam as instalações de rede”, informa a coordenadora.“Também recebemos um novo colega, Sivaldo Pereira, que passou em concurso recente para o curso de Comunicação e vai trabalhar 20h conosco no desenvolvimento de projetos. Temos propostas de estúdios para vídeo aula e web rádio”, comemora Anamelea.
Fonte: http://www.ufal.edu.br/ufal/noticias/2011/03/educacao-a-distancia-a-forca-de-um-exemplo/
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